quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Subida ao Pico da Nevosa


No passado dia 4 de Setembro de 2012, eu e a minha namorada subimos serra acima em direcção ao Pico da Nevosa (segundo ponto mais alto de Portugal continental). Foi a nossa primeira experiência deste tipo, nunca antes tínhamos subido a um pico... Foi uma aventura inesquecível, muito cansativa, mas que no final valeu a pena por todas as paisagens avistadas, animais encontrados pelo caminho e emoções sentidas em todo aquele percurso. O caminho a ser percorrido para la foi pensado durante algumas semanas, pois tínhamos interesse em visitar as Minas dos Carris, mas tínhamos de evitar passar o Vale do Homem, pois ai teríamos de passar pela ZPT (zona de protecção total) do PNPG (parque nacional peneda-geres). Por isso o caminho pensado para ascender aquele pico foi o seguinte:
Seguimos de carro desde o parque de campismo onde estávamos instalados na Ermida (Ermida Geres Camping), ate Espanha. Seguimos pela estrada que atravessa a portela do Homem, descemos então ate localidade de Villaméa, depois subimos o monte em direcção a Igreja de Nossa Sr da Virge, onde chegamos por volta das 8h40. Estacionado o carro e de botas calçadas e mochila as costas, rapidamente seguimos um trilho ai assinalado, trilho esse que nos conduziria ate as Minas das Sombras, primeira etapa da nossa longa caminhada. Passados alguns minutos passamos por um colmeal, ai tivemos de passar com algum cuidado pois aquilo estava cheio de abelhas, depois de ultrapassado esse obstáculo la continuamos tendo nos deparado com algo bastante agradável, um bando de perdizes no meio do trilho que pareciam não se incomodar com a nossa presença pois só fugiram quando já quase as estávamos a pisar... Foi então que andamos mais um pouco e passamos por uma pequena ponte, e então a partir dai e que começou a doer, pois a partir desse ponto iniciou se uma subida que parecia nunca mais ter fim...
Depois de avistarmos muitas lagartas e lagartos e também o que creio ter sido uma cobra ou uma víbora em cima de uma pedra que me casou enorme susto (saiba se que eu tenho pavor a estes seres),deixando para trás o longo trilho paralelo ao rio que nos ia maravilhando com as suas lagoas e cachoeiras, la chegamos ao  velho estradão de acesso as Minas das Sombras,  donde foi possível avistar o antigo posto de transformação de energia que alimentava as minas. A partir dai foram só mais uns minutos ate la chegarmos... Eram 10h45 quando completamos a primeira etapa, onde aproveitamos para descansar um pouco, comer algo e também para dar uma pequena espreitadela ao complexo mineiro, tínhamos de ser ligeiros pois o pico esperava nos...
Passados alguns minutos la fomos a procura das mariolas e do trilho que nos guiaria ate a fronteira. Depois de encontrados la começamos uma nova etapa, um trilho não muito difícil, mas que se tornava penoso a medida que as pernas ia enfraquecendo, e o sol ficava mais quente sobre as nossas cabeças. Lembro me de sentir uma leve brisa e sensação de bem estar quando atravessamos um pequeno carvalhal, as árvores ainda eram pequenas mas suficientemente grandes para nos oferecerem alguma sombra. Também levávamos no pensamento de que estaríamos cada vez mais perto, dando nos força para seguir em frente acelerando um pouco o passo. Foi então que avistamos o marco fronteiriço nº 91, foi uma grande alegria, estávamos cada vez mais perto... Quando aqui chegamos paramos e descansamos um pouco. Decidimos então a rota a seguir. Infelizmente tinha deixado a carta topográfica da zona no carro... Então la encontramos uma e outra mariola que nos indicava um trilho que subia um pouco desviando se um pouco para a esquerda, la o seguimos  e sem saber la passamos do lado direito do marco geodésico dos Carris. Agora sei que por la passei depois da consulta da carta... Lembro me de ter avistado algo sobre as rochas mas nem fazia ideia do que era devido a minha falta de conhecimento sobre aquele lugar, tratando se também da primeira vez na vida que por la andava... Foi então que passamos esse monte e la avistamos a entrada do complexo mineiro das Minas dos Carris. Não hã palavras para descrever aquilo que sentimos no momento, foi uma alegria imensa, quase não conseguíamos acreditar na beleza e encanto daquele sitio tão magico, tão espectacular...
La entramos no complexo mineiro eram  11h45, demos uma pequena vista de olhos, tiramos alguma fotos para relembrarmos mais tarde aquele sitio... Subimos então ate a represa, onde procuramos uma sombra para descansarmos um pouco, almoçarmos e descalçar um pouco as botas, pois nesta fase da nossa caminhada os nossos pés ja doíam bastante... Infelizmente encontramos la uma realidade bem diferente da encontrada nas minas vizinhas (Minas das Sombras)... Encontramos la muito lixo, pinturas nas paredes, edificios destruídos por completo no meu ver pelas mãos de vândalos... Ate um balde la encontramos, balde esse já uma vez referenciado no blog "Carris", que estava cheio de latas de conservas... Devo dizer que me abalou bastante ver um sitio tão remoto, onde o acesso e difícil e apenas possível por pé, naquele estado... E mesmo muito triste. Espero que as pessoas comecem a tomar atitudes diferentes e vejam que as serras nao são nenhum caixote do lixo. Da mesma forma que o levam para la, também o poderão levar de volta.
Recuperadas as energias, por volta das 12h35 la saímos em direcção ao Pico da Nevosa, objectivo principal da nossa caminhada, começando por atravessar o paredão da represa dos Carris. Antes ja havíamos passado por algumas vacas que por la pastavam, agora teríamos de passar por um grupo de cavalos, estes por sua vez afastaram se enquanto nos íamos prosseguindo o nosso caminho. Ja com alguns metros percorridos ao longo da margem da lagoa, avistamos umas mariolas que nos indicava um trilho para os lados do pico desejado... Seguimos então esse trilho atravessando por entre as rochas, pouco depois iniciando uma ligeira descida em direcção aos marcos fronteiriços, atravessando um pequeno prado. Acabados de chegar ao marco reparamos que o trilho nos guiava para uma penosa subida monte acima, subida essa que mais parecia uma escalada do que uma caminhada... La nos pusemos a caminho e com muito esforço subimos o monte, ao chegar ao seu topo avistamos o Pico da Nevosa a escassos metros, mas para isso ainda teríamos de descer do ponto onde nos encontrávamos e procurar uma forma de ascender ao topo do pico. Como estávamos bastantes cansados da maldita subida, paramos um pouco e recuperamos forças. Pouco depois demos inicio ao principio do fim... Descemos ate ao pé do pico, procuramos uma subida e como nao encontrávamos nenhuma  foi então que tomamos uma decisão um pouco radical e subimos por um trilho que deveria ter sido feito por cabras selvagens daquela zona, pois era bastante íngreme e estava cheio de pegadas das mesmas... Ja muito próximos do topo a minha companheira optou por não subir mais, apenas subi eu aquele que e o segundo ponto mais alto de portugal continental, atingindo o topo por volta das 13h30. Depois de fotos tiradas e um video com a panorâmica daquele local, deslumbrei me com as vistas, podendo observar montes, albufeiras, prados e muito mais... Foi uma sensação muito boa, sem palavras para a descrever...
Depois com muita pena minha la tivemos que regressar, fazendo todo o percurso no sentido inverso... Iria ser algo bastante penoso. O calor fazia se sentir bastante, estava um dia muito quente e o vento que soprava de manha agora ja não se fazia sentir... a agua que tínhamos também não iria ser suficiente ate ao final da caminhada...
Em pouco mais de meia hora chegamos as Minas dos Carris, nem paramos sequer pois queríamos regressar o mais rápido possível. Deixando uma profunda tristeza por não termos explorado um pouco mais daquele local místico e cheio de historia, ficando a promessa de uma visita para breve.  No caminho entre as minas e o marco fronteiriço avistamos alguns abrigos de pastores e de outros individuos que terao frequentado em outros tempos aquelas paragens... As 15h, ja passávamos as Minas das Sombras, também nestas não paramos. Tentávamos aligeirar o passo mas não conseguíamos, os pés doíam, o percurso estava cheio de pedras soltas o que dificultava ainda mais. Sempre que encontrávamos uma ou outra árvore que nos proporciona se alguma sombra, la abrandava mos ou parávamos um pouco para beber. Ao seguirmos o trilho das Sombras no sentido inverso, este parecia nos cada vez mais longo e difícil. Chegou a altura em que mais parecia um calvário. Os pés doíam, as pernas estavam cada vez mais enfraquecidas, o calor abrasador tornava tudo muito mais difícil, mas pé ante pé, la fomos seguindo. De vez em quando olhávamos para o rio para nos distrairmos com a sua beleza natural de forma a evitar pensar no que ainda faltava percorrer, evitando também olhar no horizonte. No regresso a minha namorada avistou mais uma cobra, afinal estava bom para elas se porem ao sol... Vimos também um sapo enorme num pequeno curso de agua que atravessava o trilho... Chegamos a pequena ponte que atravessamos rapidamente, ainda olhamos para a agua com vontade de nos refrescarmos, mas pensamos, ja só falta mais uma hora  ate chegarmos ao carro, e então continuamos... Voltamos a passar no colmeal, ai quase apanhava uma perdiz sem querer, esta parecia desorientada e veio contra mim... Uns metros a frente em vez de seguirmos pelo trilho, optamos seguir pela estrada em terra, seria um pouco mais longe, mas mais fácil pois não teriamos desníveis em todo o percurso. Passado algum tempo la chegamos finalmente ao carro, exaustos, sedentos por um golo de agua fresca, com os pés e pernas a doerem...
Tratou se da nossa primeira caminhada na natureza, que coincidiu com a nossa primeira subida a um pico, e a nossa primeira ida a Carris... Creio que depois desta prova de fogo, sejamos capazes de muito mais.
E uma experiência para repetir em breve...

Aqui ficam algumas fotos:












3 comentários:

  1. Parabéns pelo blogue e pela descrição completa dessa primeira caminhada. E é assim que o bichinho entra dentro e toma conta de nós, pois a partir daqui só pode haver descoberta mesmo dos locais que já conhecemos.

    Força José! A montanha espera por vós... sempre!!!

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  2. Gostei, fez-me recordar as minhas caminhadas pelo Gerês..
    Continua, faz mais!

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